EDITORIAL

Ajudar os estudantes a realizarem o seu sonho!


Todos temos um sonho! É algo que nos faz mais humanos. E ao longo do meu percurso profissional pude contactar com os sonhos de tantos jovens estudantes que desejavam muito entender as leis naturais que regem o Universo físico, que por isso escolheram estudar Física e que desejavam tornar-se astrónomos profissionais. Acompanhei os primeiros passos nesse sentido de muitos destes estudantes, através de conversas de orientação profissional tendo em vista esclarecer o que efectivamente significa ser um astrónomo profissional. Depois, através da orientação de teses de mestrado ou de doutoramento, tive o privilégio de iniciar alguns estudantes nas suas primeiras actividades de especialização científica. Em todos estes casos, não pude deixar de me impressionar com a dedicação revelada por todos aqueles que escolhem uma carreira na investigação científica, apesar das dificuldades a ela inerentes num mundo que endeusa a ciência mas que paradoxalmente nem sempre lhe dá o tratamento que lhe é devido.

Esta experiência permitiu-me concluir que é dever de todos nós, professores, pais ou outros familiares, instituições e governo nacional, apoiar o sonho destes estudantes, algo visionários e idealistas, mas motivados pelo fascínio de compreender o Universo. Através do seu gosto pela investigação, e pelo prazer da descoberta, estes jovens estão de algum modo a garantir o nosso futuro, o futuro da Humanidade, o avanço da Ciência e da Tecnologia (que da Ciência deriva). Merecem pois o melhor tratamento que lhes pudermos dar de forma a apoiarmos activamente e sem hesitações a concretização dos seus sonhos.

Sou mais uma vez levado a re-afirmar a responsabilidade social dos que detém qualquer poder de decisão sobre o desenvolvimento científico e tecnológico de Portugal. Nos tempos que correm, já só podemos fazer votos para que a Iluminação os guie de modo a que consigam ter uma visão a longo prazo, mais ampla, de modo a que NUNCA sequer lhes ocorra a possibilidade de comprometer o futuro dos nossos jovens estudantes e investigadores (e portanto do País) com a adopção de medidas restritivas em matéria científica e tecnológica. Eles sabem que a História nunca os perdoaria por tais actos. Pelo contrário, acredito que serão tomadas todas as medidas necessárias a apoiar activa e inovadoramente e em grande escala os sonhos dos nossos jovens estudantes e investigadores. A política tem de ser de século XXI e não dos séculos passados. Há que inovar, ousar, olhar para o futuro...


João Lin Yun, Director do OAL

Dezembro 2003