EDITORIAL

Investir em conhecimento é o que traz maior rentabilidade”

Benjamin Franklin


Durante a maior parte da história da humanidade, o homem esteve convencido de que o que dava força e poder era a posse e domínio de materiais cada vez mais duros e mais resistentes. Da idade da pedra, à idade do bronze, à idade do ferro, os povos dominantes eram aqueles que possuíam o dominio de um novo material mais forte. Era o tempo do triunfo da Mecânica, onde riqueza e poder significava mais armas de ferro, mais força física de homens e animais. Nesse tempo, só o que os olhos viam e as mãos tocavam tinha realidade e valor.

Com a descoberta e o desenvolvimento da electricidade, durante os séculos XIX e XX, teve início o destronar da ideia feita de que se os nossos olhos não vêem, não existe, não tem valor, não presta. Incrédulos, os conservadores de então tiveram que render-se à evidência que a electricidade, algo invísivel e aparentemente uma curiosidade inútil, produzia efeitos bem mais poderosos e importantes que os instrumentos da Mecânica. Rapidamente se sucederam outras descobertas da Física (ondas electromagnéticas, radioactividade, energia nuclear, etc.) que de uma vez por todas demonstraram que o que é importante, o que é poderoso, não é aquilo que mais enche a vista, não é aquilo que é volumoso ou se impõe pela quantidade de matéria. No início do século XXI, curiosamente, é o domínio das “nanotecnologias” (a tecnologia do “muito pequeno”) que promete um progresso de tal forma profundo que poderá revolucionar a qualidade de vida dos seres humanos.

Assim, passo a passo, mal grado os conservadores de hoje, actualmente é já bem evidente que o que o poder e o desenvolvimento resultam do conhecimento, da informação. A nossa sociedade moderna, transitou já de uma sociedade industrial para uma sociedade de informação.

E contudo... quando se trata de erros humanos a História repete-se vezes sem conta... Apesar da evidência de que o desenvolvimento não provirá de investimento apenas em novas auto-estradas mas sim no investimento em conhecimento, em ciência, em investigação, temos tido nos últimos anos uma incapacidade quase total de apostar no conhecimento, de apoiar directa e eficazmente os nossos estudantes, professores e investigadores.

Num País como o nosso, esta aposta inclui encontrar uma forma de investimento mais racional e mais eficiente em educação. Uma forma que mobilize o entusiasmo dos professores, os quais desempenham um papel de importância fundamental. Cabe a eles motivar os estudantes, mas para isso têm de estar eles próprios fortemente motivados. Há que oferecer-lhes boas condições de trabalho e apoios para desenvolverem uma acção dedicada que lhes permita fazer a diferença. Para que possam ter orgulho em afirmar (no bom sentido!): “Eu faço diferença!”. E que grande gosto se sente quando podemos constatar que contribuimos para um estudante se sentir fascinado com o que aprende, e ficar mais bem preparado, mais motivado, para vir a formar-se como futuro profissional de qualidade!

Tal como em outros momentos cruciais, é urgente que sejamos capaz de ousar e cortar com as formas velhas de pensamento! Dirigentes, responsáveis em todos os sectores, inovem... na forma de pensar! Fala-se hoje muito de Inovação. Pois a Inovação que se impõe desenvolvermos está mais nas mentalidades do que na produção.

Vamos investir nos recursos humanos, nas pessoas, não deixar desperdiçar os que já se formaram, formar novos profissionais. Vamos qualificar Portugal!


João Lin Yun, Director do OAL

Fevereiro 2005