Editorial

Porquê Seguir Uma Carreira em Ciência?

Há algumas semanas, a Comissão Europeia declarou que a União Europeia tem uma deficiência de 500 000 investigadores em Ciência relativamente ao número de investigadores necessário para garantir o desenvolvimento da Europa, e a manutenção de níveis de vida elevados. Afirmou ainda a Comissão Europeia que parte da razão deste défice de investigadores tem a ver com uma fuga de cérebros para os Estados Unidos da América, país que tem oferecido aos investigadores de todo o mundo melhores condições de trabalho e reconhecimento social.

Propõe a Comissão Europeia um investimento maciço em Ciência e Tecnologia para o próximos anos, através de vários dos seus programas comunitários. Só assim se poderá encarar com alguma seriedade o objectivo traçado na cimeira de Lisboa de 2000, onde se propôs que os países membros da União Europeia tomem as medidas necessárias para fazer da Europa a sociedade mais desenvolvida do mundo.

E em Portugal, o que fazemos para evitar que também aqui nos caiba o troféu de "país na cauda da Europa"? Como vai a Ciência e Tecnologia em Portugal? Onde se empregam os mais de quatro mil doutorados portugueses que se formaram nos últimos anos?

Na impossibilidade quase total de gastos de dinheiros públicos para a criação de emprego científico, poderá a indústria portuguesa e as empresas privadas, com a sua reduzida dimensão e ausência de hábitos de actividades de investigação, contribuir significativamente para que Portugal possa ter um número de investigadores suficiente para garantir o desenvolvimento de um país que se quer plenamente europeu?

E aos estudantes, como explicar-lhes que, tal como eu acredito firmemente, vale a pena investir numa carreira em Ciência?

Deixo aqui estas questões para que todos nós, dos estudantes aos professores aos governantes, após profunda e empenhada reflexão, possamos contribuir para encontrar uma resposta séria que preserve a dignidade de Portugal.

João Lin Yun, Director do OAL

Junho 2003