DESCOBERTA DE 16 CANDIDATOS A PLANETAS EXTRA-SOLARES

Pela primeira vez, com o auxílio do Telescópio Espacial Hubble, os astrónomos
detectaram com sucesso 16 candidatos a planetas extra-solares em órbita de
várias estrelas, localizadas a grandes distâncias no interior da Via Láctea.
As observações do Hubble chegaram ao bojo central da nossa galáxia, localizado a
26 mil anos-luz de distância, ou um quarto do diâmetro do disco desta.

Baseado em detecções anteriores de planetas extra-solares na vizinhança local do
Sistema Solar, que apenas cobre 5% do disco da Via Láctea, o número de planetas
descobertos é consistente com o número que se esperava encontrar como resultado
de observações realizadas a tais distâncias.
Extrapolando este número de planetas encontrados pelo Hubble, é possível estimar
com uma forte certeza a existência de cerca de 6 mil milhões de planetas do
tamanho de Júpiter na nossa galáxia.

Dos 16 planetas descobertos, 5 representam um novo tipo extremo destes objectos,
ainda não encontrado nas pesquisas locais. Designados por Planetas de Período
Ultra-Curto (PPUC), estes mundos completam uma órbita em torno das suas estrelas
em menos de um dia, sendo o período orbital mais pequeno de 10 horas.

A descoberta destes planetas com um período orbital muito diminuto foi uma
grande surpresa, e apenas o Hubble, com a sua resolução e sensibilidade
soberbas, poderia ter espreitado através da nossa galáxia e detectado planetas
em torno de estrelas débeis.
Esta descoberta revelou ser também uma forte evidência de que os planetas são
tão abundantes em outras partes da Via Láctea como o são na vizinhança do
Sistema Solar.

Embora possua características que que fazem dele um instrumento poderoso, o
Hubble não foi capaz de observar directamente os 16 planetas. Os astrónomos
utilizaram um dos instrumentos do Hubble, de modo a medir a ligeira alteração da
luminosidade de uma estrela, resultante da passagem de um planeta à frente
desta, evento este designado por trânsito. Mesmo nestas condições, o planeta em
questão tem de ter uma massa aproximada à de Júpiter para que a variação da
luminosidade da estrela seja suficiente para ser detectada (1 a 10%).
Os 16 planetas descobertos, são designados por candidatos devido ao facto de os
astrónomos só terem conseguido até ao momento medir a massa de dois deles.

Para ver uma ilustração artística de um trânsito, consulte:
http://www.oal.ul.pt/astronovas/planetas/pla1.jpg

O planeta candidato com o período orbital mais curto (10 horas), designado por
SWEEPS-10, encontra-se a uma distância da sua estrela de cerca de 1,2 milhões de
quilómetros (sensívelmente 3 vezes a distância Terra-Lua). Este objecto é um dos
planetas mais quentes encontrados até hoje, estimando-se que a sua temperatura
seja de 1650 graus Celsius. Devido à proximidade com a sua estrela anfitriã, o
SWEEPS-10 terá de ter pelo menos 1,6 vezes a massa de Júpiter ou a força
gravitacional da estrela faria com que este objecto se desfizesse.

Para ver uma ilustração artística do candidato a planeta SWEEPS-10, consulte:
http://www.oal.ul.pt/astronovas/planetas/pla2.jpg

Os PPUC, estão localizados preferencialmente em torno de estrelas mais pequenas
e frias que o Sol, tais como as anãs vermelhas. Isto explica o facto de um
planeta poder existir numa órbita tão próxima de uma estrela. A temperatura
baixa das anãs vermelhas permite que isto aconteça. A aparente ausência de PPUC
em torno de estrelas como o Sol na nossa vizinhança local, é apresentada como
evidência que estes objectos terão sido evaporados quando migraram para muito
perto destas estrelas.
O facto de os candidatos orbitarem estrelas com uma grande abundância de
elementos mais pesados que o Hélio e Hidrogénio, tal como o Carbono, solidifica
as teorias de que estrelas ricas em elementos pesados possuem os ingredientes
necessários para a formação de planetas.

A equipa responsável pela descoberta destes objectos, conseguiu medir a massa de
dois dos candidatos, utilizando o método das velocidades radiais. Um destes
objectos é possuidor de 3,8 vezes a massa de Júpiter, enquanto o outro possui
9,7 vezes a massa de Júpiter. Este último valor encontra-se bem abaixo da massa
limite (13 vezes a massa de Júpiter) que separa um planeta de um outro objecto
designado por anã castanha, um objecto sub-estelar que se forma como uma estrela
embora não brilhe por acção de fusão nuclear.

Devido às estrelas estudadas serem muito débeis, e a zona em estudo estar
densamente povoada com estrelas, não é plausível utilizar o método das
velocidades radiais para confirmar a massa, e consequentemente a natureza dos 16
objectos.
A equipa aguarda agora pelo lançamento do Telescópio Espacial James Webb que
poderá fornecer a sensibilidade necessária para a confirmação destes candidatos.