ASTRÓNOMOS DESCOBREM A GALÁXIA MAIS PRÓXIMA DA VIA LÁCTEA

Uma equipa internacional de astrónomos da França, Itália, Reino Unido e
Austrália descobriram uma galáxia, antes desconhecida, em colisão com a nossa
Via Láctea. Este objecto recém-descoberto retém o recorde da galáxia mais
próxima do centro da Via láctea.

Designada por galáxia anã do Cão Maior, devido à constelação em que se
encontra, está localizada a cerca de 25 mil anos-luz do nosso sistema solar e a
42 mil anos-luz do centro da Via láctea. Está assim, mais perto do que a
galáxia anã do Sagitário, descoberta em 1994, que está também em colisão com a
nossa galáxia. Esta descoberta mostra que a Via Láctea está a formar o seu
próprio disco absorvendo pequenas galáxias satélite.

A descoberta da galáxia anã foi possível devido a um levantamento
do céu nos comprimentos-de-onda do infra-vermelho (Two-Micron All Sky Survey ou
"2MASS"), que permitiu aos astrónomos olhar para além das nuvens de poeira
presentes no disco da Via láctea. Até ao momento, esta galáxia permaneceu
indetectável, escondida pelo denso disco. Com este tipo de observação, os
astrónomos são agora capazes de estudar uma parte da nossa galáxia,
anteriormente fora de alcance.

Este novo objecto foi detectado pelas suas estrelas gigantes de classe M -
estrelas vermelhas e frias que emitem radiação mais intensa na banda do
infra-vermelho. Estas estrelas foram utilizadas como "faróis" com o objectivo
de traçar a forma e localização da nova galáxia, porque as suas outras numerosas
estrelas são muito pouco luminosas para serem observadas. As estrelas gigantes
M, são estrelas particularmente úteis na medida em que é possível medir as suas
distâncias, e consequentemente mapear a estrutura tridimensional das regiões
distantes do disco da Via Láctea.

Deste modo, os astrónomos descobriram o pedaço principal do "cadáver"
desmembrado da galáxia anã e um longo rasto de estrelas associado. Ao que
parece, a torrente de estrelas que são "roubadas" à galáxia canibalizada
não só contribuem para as partes externas do disco da Via Láctea, como poderão
também passar perto do Sol.

Os astrónomos acreditam que grandes galáxias, como a Via Láctea, crescem
até às suas presentes proporções majestosas, consumindo as suas pequenas
vizinhas galácticas. Descobriram que as galáxias canibalizadas acrescentam
estrelas aos vastos halos à volta das grandes galáxias. No entanto, até ao
momento, não tinham considerado que até os discos das galáxias podem crescer
desta maneira. Simulações de computador mostram que a Via Láctea tem vindo a
apoderar-se de estrelas da galáxia anã do Cão Maior, acrescentando-as ao seu
disco - e continuará a faze-lo.

Numa escala galáctica, a galáxia anã do Cão Maior é um peso-pluma de
apenas mil milhões de Sóis. É pouco provável que esta pequena galáxia se
mantenha coesa durante muito mais tempo. Está a ser atraida e afastada
pela colossal força gravitacional da Via Láctea, que tem vindo progressivamente
a roubar as suas estrelas e a desfazê-la. Alguns dos restos da galáxia anã
formam um anel em volta do disco da Via Láctea.

A galáxia anã do Cão Maior, poderá ter acrescentado até 1% de massa à
nossa galáxia. Esta descoberta também é importante na medida que realça o facto
de que a Via Láctea não se encontra na sua meia idade, mas sim ainda em
formação. Interacções passadas, do género que estamos a presenciar podem ser
responsáveis por alguns dos requintados detalhes que vemos hoje na estrutura da
nossa galáxia.