GALÁXIAS EM COLISÃO PODEM ALBERGAR FUTUROS PLANETAS.
Nuvens ricas em minério planetário estão a ser expelidas por um par de
galáxias em interacção.

Dados recolhidos pelo Observatório de raios-X Chandra levaram à
descoberta de grandes depósitos de néon, magnésio e silício num par de
galáxias em colisão conhecidas como as "Antennae". Quando as nuvens que contêm
esses elementos arrefecerem, um número excepcionalmente grande de estrelas
com planetas deverão se formar.

Uma imagem das "Antennae" pode ser vista em:
http://imgsrc.hubblesite.org/hu/db/1997/34/images/a/formats/web.jpg

A riqueza em elementos pesados das Antennae é extraordinária, facto
proporcionado provavelmente por uma enorme taxa de explosões de supernovas.
Quando as galáxias colidem as colisões directas entre as estrelas são raras,
mas colisões entre enormes nuvens de gás podem despoletar a formação de
estrelas em grande quantidade. Destas estrelas, as de maior massa evoluirão
muito depressa em alguns milhões de anos e explodirão como supernovas. Tais
explosões espalharão os elementos produzidos no interior das estrelas,
enriquecendo o gás envolvente até distâncias de milhares de anos-luz. Dentro
das Antennae, a taxa de explosões de supernovas é trinta vezes maior que na
nossa galáxia.

A violencia da explosão aquece o gás circundante até milhões de
graus, o que faz com que muita da matéria existente nas nuvens seja visível
apenas para um telescópio de raios-X. O telescópio Chandra de raios X
mostrou, pela primeira vez, regiões no interior das duas galáxias onde a
abundância dos elementos variava. Numa das nuvens o magnésio e o silício são
16 e 24 vezes mais abundantes que no nosso Sol, respectivamente.

Os astrónomos estão extremamente contentes com estas descobertas pois
os elementos encontrados são os blocos de construção de planetas com
características semelhantes às da Terra. A formação planetária ocorre nas
galáxias normalmente a um ritmo lento mas quando as galáxias colidem o
processo é acelerado. À medida que o gás enriquecido por estes elementos
arrefece, formam-se estrelas e sistemas planetários. Estudos efectuados pelo
investigador português Nuno Cardoso Santos (actualmente a trabalhar no OAL)
indicam que nuvens ricas em elementos pesados têm maior probabilidade de
formar estrelas com sistemas planetários; no futuro um número invulgarmente
elevado de planetas pode vir a formar-se nas Antennae.

A cerca de 60 milhões de anos-luz no limiar da constelação do Corvo,
o sistema formado pelas Antennae é o exemplo mais próximo de uma colisão
entre duas grandes galáxias. Esta colisão, que começou há algumas centenas
de milhares de anos atrás, tem sido tão violenta que gás e estrelas de ambas
as galáxias têm sido ejectados formando dois grandes arcos que dão o nome ao
sistema. A imagem de raios-X mostra loops espectaculares de 3 milhões de
graus a propagarem-se para sul do sistema.

Os astrónomos acreditam que colisões galácticas como a das Antennae
foram comuns no Universo primitivo e muito propavelmente conduziram à
formação da maioria das estrelas que existem no universo de hoje. Um
acontecimento tão próximo (em termos astronómicos) é uma feliz ocorrência.